Avaliações primárias apontam complicações no parto em morte de filhote de baleia-jubarte

10 de setembro de 2019

Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) atendeu a ocorrência do recém-nascido, que encalhou morto na praia de Barra Velha (SC)

Dificuldades no momento do parto são uma das hipóteses consideradas para a morte do filhote de baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) encalhado na praia de Barra Velha (SC), no dia 30 de agosto. A ocorrência foi atendida via Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). A equipe de médicos veterinários e biólogos da Univali, que integram o PMP-BS, realizou a necropsia do animal e observou fatores que indicam a morte do filhote por asfixia perinatal.

As primeiras análises apontam um parto distócico. Esta ocorrência se dá pelo bloqueio do bebê na hora da passagem pelo canal do parto, seja porque o filhote está em uma posição anormal, seja pelo seu tamanho grande ou a bacia/pelve pequena da mãe, que acomete principalmente fêmeas que estão em sua primeira gestaçãoA complicação imediata do parto distócico é a incapacidade do filhote em respirar, ocasionando sua morte. O filhote, de aproximadamente 3,8 metros de comprimento total, pesava cerca de 800 quilos. No momento da ocorrência não havia sinais de presença da mãe nas proximidades.

De acordo com a médica veterinária do PMP-BS/Univali Tiffany Emmerich, mesmo em processo de autólise (destruição dos tecidos e células após a morte), o filhote recém-nascido ainda apresentava dobras causadas naturalmente pela posição fetal no útero materno. “No exame externo também se percebeu a presença de parte do cordão umbilical. Ambas as análises indicam a morte precoce do filhote”, explica. Foram coletadas amostras para análises posteriores.

Durante a necropsia, os profissionais observaram uma extensa hemorragia no tecido subcutâneo na região do ventre, próximo às pregas submandibulares. Ainda segundo Tiffany, não havia sinais de amamentação, como coágulos de leite no trato digestório do filhote. No exame dos pulmões foi possível identificar que os alvéolos (fornecedores de oxigênio para o sangue) não estavam completamente expandidos. “Certamente o animal morreu próximo ao período perinatal, ou seja, próximo ao momento do nascimento”, explica. Também foi observado líquido e areia no interior dos brônquios, indicativos de afogamento.

A observação de todos estes fatores foi fundamental para o diagnóstico da causa da morte. Por esse motivo, a equipe veterinária reforça a importância do exame de necropsia. Sem ele, não seria possível levantar esta suspeita.


(Equipe durante necropsia do filhote recém-nascido de baleia-jubarte. Foto: PMP-BS/Univali)

Temporada de migração
Habitante de todos os oceanos, a baleia-jubarte realiza uma migração anual para reprodução. No inverno, a espécie parte em busca das águas tropicais e subtropicais para reprodução, que é caso das praias de Santa Catarina. Uma das características desta espécie é a busca por áreas próximas de ilhas e continentes para se reproduzir, por isso são avistadas com frequência nesta época do ano. Depois da temporada de reprodução, a jubarte segue o ciclo migratório para as águas polares em busca de alimento.

Sobre o PMP-BS
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. A Univali monitora o Trecho 4, compreendido entre Governador Celso Ramos a Barra Velha.

Atendimento à imprensa
Assistente de comunicação PMP-BS/Univali: Fernanda Vieira de Maria
Contato: fernandavieira@univali.br / (47) 3341-7960 / Facebook

Caso encontre algum animal marinho vivo debilitado ou morto na orla das praias que vão de Ubatuba - SP até Laguna - SC lique para o 0800 642 3341