Carcaças de tartarugas marinhas são encontradas mutiladas em praias de Pontal do Paraná (PR)
Durante as atividades do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), a equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC/UFPR) encontrou nas praias de Pontal do Paraná várias carcaças de tartarugas marinhas mutiladas. Esta situação chamou a atenção de toda a equipe, pois os cortes indicavam o uso de faca de maneira “organizada”. Os animais recolhidos foram encaminhados para análise veterinária, onde foi confirmado o corte intencional para a retirada da carapaça, bem como da musculatura associada.
Esta situação preocupou toda a equipe e os órgãos ambientais pela situação de maus-tratos ao animal e pelo crime associado a estas práticas.
Por que maus tratos?
Muitas vezes as tartarugas que emalham em rede de pesca desmaiam e, apesar de acharmos que estão mortas, elas não estão. O procedimento simples de deixá-las descansar e auxiliá-las a expelir a água seria suficiente para salvá-las. No entanto, se as pessoas acharem que o animal está morto, a mutilação poderia ter ocorrido com o animal ainda vivo.
Por que crime?
Fazer uso de recursos/partes (carne e carapaça) de espécies ameaçadas de extinção, mesmo de indivíduos mortos, infringe leis federais de proteção à fauna. A caça e consumo de ovos, carne e produtos derivados foi o principal impacto sobre as populações de tartarugas marinhas durante muitos anos culminando no declínio drástico das populações mundiais. Para algumas espécies, o comércio de produtos derivados da carapaça ainda é a principal ameaça às populações. No Brasil, a lei de crimes ambientais número 9.605 proíbe a captura, morte, coleta de ovos e molestamento de fauna silvestre. São previstas multas e pena de prisão para quem infringir a lei. No caso das tartarugas seria cabível uma multa de R$ 5.000 por animal/carapaça coletada.
Esta situação é grave, pois o impacto devido à mortalidade e exploração de partes das tartarugas marinhas por atividades humanas, assim como a degradação do habitat destes animais, são responsáveis pela inserção das tartarugas marinhas em diversas listas estaduais, nacionais e internacionais de fauna ameaçada de extinção.
Para assegurarmos a conservação das tartarugas marinhas, precisamos proteger os animais e garantir a efetividade de nossas leis!
Faça a sua parte! Não retire da natureza nenhum exemplar ou parte de alguma espécie ameaçada! Ainda, lembre que ao retirar a carapaça das tartarugas marinhas, está impedindo que nossa equipe técnica tenha acesso as informações de causa de morte do animal e outros impactos que afetam o animal e a nossa avaliação da qualidade do ambiente marinho.
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.
O PMP-BS é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Laboratório de Ecologia e Conservação/UFPR monitora o Trecho 6, compreendido entre os municípios de Guaratuba e Guaraqueçaba.