Toninha registrada ano passado pela Univali tinha 18 anos de idade

4 de fevereiro de 2020

Dado foi confirmado a partir de análises com amostras de dentes

Pesquisadores da Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) registraram um importante dado para o estudo da toninha, o golfinho mais ameaçado de extinção no Brasil. Através de amostras de dentes, a equipe confirmou que um dos indivíduos atendidos ano passado era uma fêmea gestante de 18 anos de idade. A expectativa de vida para fêmeas desta espécie é em torno de 20 anos, relativamente baixa quando comparada à maioria das espécies de golfinhos.

As análises foram intermediadas pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). “O que nos chama atenção é o fato desta fêmea ainda ser capaz de gestar um novo filhote em idade avançada. É uma pena o registro ter sido feito após o óbito”, comenta a médica veterinária Tiffany Emmerich.

A toninha foi encontrada sem vida em outubro do ano passado, na Praia do Tabuleiro, em Barra Velha. O animal apresentava um corte parcial na nadadeira caudal (compatível com objeto cortante) e fortes marcas lineares, indicativos de interação com redes de pesca. O emalhe acidental é uma das principais ameaças à espécie, que possui hábitos costeiros e interage com a atividade pesqueira.

O exame das vias aéreas e pulmões confirmou a morte por afogamento da toninha, que estava grávida. O feto era uma fêmea e estava em idade gestacional avançada, com 62 centímetros de comprimento e 3,2 quilos.

Por que coletamos os dentes dos golfinhos?

As amostras dos dentes coletados em animais marinhos recolhidos pela U.E passam pelo processo de maceração em água para remoção dos tecidos moles até que se tenha apenas a estrutura óssea. Ficam armazenadas em álcool até o momento de envio para o Laboratório de Idades da Unidade de Estabilização de Fauna Marinha da Udesc, em Laguna (SC).

São escolhidos os dentes com a raiz menos curva e com coroa menos desgastada, que são descalcificados até apresentarem flexibilidade e transparência. Depois, os dentes são cortados longitudinalmente em micrômetros (equivalente à milésima parte de um milímetro), corados e observados no microscópio.

Como sabemos a idade dos golfinhos?

A estimativa de idade é uma ferramenta usada para obter um valor numérico aproximado para animais cuja idade real não é conhecida. É estimada a partir da contagem de camadas de crescimento (“GLG” – Growth Layer Groups, em inglês) depositadas em vários tecidos de estruturas, como dentes de mamíferos e úmeros (osso da nadadeira anterior) em tartarugas. Essa análise é similar às contagens dos anéis de crescimento das árvores. Para os dentes, contam-se as camadas presentes na dentina e cemento.

Como a idade era estimada antes?

Até o uso das camadas de crescimento se tornar um meio viável, medidas relativas da idade, como desgaste dos dentes, pelagem ou cor da pele ou fusão de suturas cranianas permitiam que os indivíduos fossem classificados em faixas etárias.

Curiosidade

Os mamíferos marinhos foram pioneiros na estimativa da idade a partir da contagem de camadas de crescimento nos dentes, inicialmente em Pinípedes; essa descoberta foi seguida pelo uso difundido também de mamíferos terrestres.

Acione o PMP-BS

Ao encontrar animais marinhos mortos ou debilitados, avise o PMP-BS pelo telefone 0800 642 3341. A ligação é gratuita e funciona diariamente das 8h às 17h30min.

O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. A Univali monitora o Trecho 4, compreendido entre Governador Celso Ramos a Barra Velha.

Atendimento à imprensa
Assistente de comunicação PMP-BS/Univali: Fernanda Vieira de Maria
Contato: fernandavieira@univali.br / (47) 3341-7960 / Facebook

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