Biopesca recolhe golfinho ameaçado de extinção com lacre no rostro

2 de dezembro de 2018

No último domingo (2), o Instituto Biopesca recolheu uma toninha (Pontoporia blainvillei), espécie pequena de golfinho ameaçado de extinção, com um lacre no rostro (correspondente à boca). O animal foi encontrado já sem vida pelo pescador Adriano Vieira, parceiro do Biopesca, em uma rede de pesca, em Praia Grande (SP). Ao ficarem presos na rede e não conseguirem ir à superfície para respirar, esses animais morrem afogados.

A toninha, um macho adulto, estava muito magra, já que não conseguia se alimentar. “Durante a necropsia, não encontramos nenhum alimento no sistema digestório do animal, somente alguns pedaços plásticos”, conta a veterinária Pryscilla Maracini, do Biopesca.

A toninha não ultrapassa 1m50 de comprimento e, ao contrário de outras espécies, é bem mais tímida. Vive em profundidades costeiras, que não ultrapassam 50 metros, mesma área de ocorrência de peixes que são as espécies-alvo da pesca artesanal. Por essa razão, ficam presas nas redes, bem como outros animais que também não são de interesse dos pescadores, como as tartarugas marinhas. Em 18 anos, já foram registradas 300 toninhas capturadas em redes de pesca na Baixada Santista, mas muito provavelmente este número está subestimado porque não há estudos suficientes.

“Além da captura acidental em redes de pesca, outra ameaça aos animais marinhos é a presença do lixo no mar, como atestado por essa última toninha achada com esse lacre no rosto”, explica a médica veterinária responsável do Biopesca, Vanessa Lanes Ribeiro.

O Instituto Biopesca já encontrou resíduos sólidos em intestinos e estômagos de aproximadamente 90% das tartarugas marinhas que passaram por exame de necropsia. Esse trabalho faz parte da execução do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.

Ao encontrar golfinhos, aves e tartarugas marinhas, vivos ou mortos nas praias, a população pode acionar a organização pelos telefones 0800 642 3341 ou (13) 99601-2570 (chamada a cobrar ou pelo WhatsApp).

Caso encontre algum animal marinho vivo debilitado ou morto na orla das praias que vão de Ubatuba - SP até Laguna - SC lique para o 0800 642 3341