Historicamente, recebemos muitos turistas no litoral do Paraná durante o Inverno; no entanto, não estamos falando de humanos, mas sim de diversas espécies de animais marinhos migratórios sazonais que chegam ao nosso litoral. Muitos animais seguem longas rotas migratórias, como as baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) que vêm da região da Antártica, as aves do hemisfério norte e pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) provenientes do sul da Argentina. Alguns vêm para se alimentar e outros para reproduzir, outros ainda se agregam por aqui porque as áreas mais ao sul estariam com temperaturas muito frias.

Algumas espécies vêm à praia para descansar, como é o caso do lobo-marinho. Esta espécie, como todas as demais, pode encalhar em nossas praias devido à exaustão da migração, ferimentos, desidratação, desnutrição ou mesmo com alguma patologia. A equipe do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que no Paraná é executado pelo Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná, monitora as praias diariamente em busca de animais encalhados e atende acionamentos para ocorrências de fauna. Os animais debilitados registrados na zona litorânea do Paraná recebem atendimento veterinário e contam com a infraestrutura do recém-inaugurado Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise de Saúde de Fauna Marinha (CReD).

Lobos-marinhos, golfinhos, baleias, tartarugas, aves oceânicas e costeiras são os grupos de fauna alvo do PMP-BS. Entre os meses de maio até a presente data foram registrados aproximadamente 670 animais encalhados no litoral do Paraná. Nos anos anteriores, a média era de 580 animais para todo o Estado. Conforme expomos em texto anterior, os encalhes de animais vivos e mortos são direcionados para as praias principalmente quando há ventos intensos em direção a costa, mas principalmente quando há frentes frias na região. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou 18 frentes frias que potencializam a chegada desses animais até o Paraná.

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. O Laboratório de Ecologia e Conservação/UFPR monitora o Trecho 6, compreendido entre os municípios de Guaratuba e Guaraqueçaba.