Golfinho (Sotalia guianensis) é encontrado morto com tira de chinelo presa ao focinho (rostro)

17 de junho de 2017

A equipe responsável pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) do Instituto Argonauta foi acionada há duas semanas para atender uma ocorrência chocante envolvendo um Golfinho (Sotalia guianensis) encontrado morto na Praia do Sapê em Ubatuba, litoral norte paulista.

No mesmo dia, a equipe de veterinários do Instituto Argonauta realizou a necropsia do animal, que trouxe conclusões estarrecedoras. Foi constatada a morte do indivíduo em função de uma tira de chinelo, que provavelmente, permaneceu preso ao golfinho por meses, levando a inanição e uma grave infecção.

Segundo o laudo inicial da necropsia, a interação antrópica (causada pelo homem), por resíduo sólido (tira de borracha do chinelo), presa na região rostral (focinho) do golfinho gerou uma lesão muito grave no maxilar superior, impedindo o animal de se alimentar. Consequentemente, causando uma desnutrição severa e consequentemente a morte. “A cena é triste. Tudo indica que o animal passou meses com esse pedaço de chinelo enroscado ao corpo”, conta Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do PMP-BS no Instituto Argonauta.

Segundo Carla, não foi somente a equipe que ficou chocada com a cena. “O episódio causou comoção não só por parte dos nossos monitores, mas também da comunidade local. As pessoas que viram estavam realmente inconformadas”.

O caso dá luz à importância sobre a conservação do ambiente marinho, já que a poluição está entre as principais causas de mortalidade da fauna, perdendo apenas para a pesca predatória, na qual milhares de espécies morrem por ficarem presas acidentalmente nas redes.

“Casos ruins como este são chocantes, mas precisamos e devemos divulgar para que as pessoas saibam que até um simples chinelo esquecido na beira do mar pode levar à morte um animal marinho ameaçado de extinção”. Explica Hugo Gallo, Oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta.

Segundo Gallo, infelizmente, este não é o primeiro caso do gênero. “No Museu da Vida Marinha, no Aquário de Ubatuba, temos um peixe espadarte (Xiphias gladius) morto por um carretel de pesca preso a boca”, relembra Gallo.

O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Pólo Pré-Sal da Bacia de Santos. O projeto é conduzido pelo IBAMA e coordenado pela Univali sob a responsabilidade do Instituto Argonauta no litoral norte do estado de SP.
Plástico, o grande vilão?

O plástico é um dos materiais mais nocivos à fauna marinha nos dias de hoje. Recentemente, foi descoberta uma ilha no Pacífico coberta pelo material. A ilha Henderson acumula quase 38 milhões de peças plásticas trazidas pelas correntes marítimas a suas praias. Pesquisadores dizem que é urgente repensar uso do material.

14Mas, não é só o Pacífico e Atlântico que vem sofrendo com a poluição e ação antrópica. Um estudo publicado recentemente pela Science Advances chamou atenção da comunidade científica. Desenvolvido por um grupo da Universidade de Cádiz na Espanha, pesquisadores afirmam que uma grande corrente marítima está “transportando” pedaços de plástico principalmente do Atlântico Norte para os mares da Groelândia, e deixando-os lá – em águas superficiais, afetando também o Oceano Ártico.

Caso encontre algum animal marinho vivo debilitado ou morto na orla das praias que vão de Ubatuba - SP até Laguna - SC lique para o 0800 642 3341