Carcaças de tartarugas marinhas são encontradas mutiladas em praias de Pontal do Paraná (PR)

19 de agosto de 2019

Durante as atividades do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), a equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC/UFPR) encontrou nas praias de Pontal do Paraná várias carcaças de tartarugas marinhas mutiladas. Esta situação chamou a atenção de toda a equipe, pois os cortes indicavam o uso de faca de maneira “organizada”. Os animais recolhidos foram encaminhados para análise veterinária, onde foi confirmado o corte intencional para a retirada da carapaça, bem como da musculatura associada.

Esta situação preocupou toda a equipe e os órgãos ambientais pela situação de maus-tratos ao animal e pelo crime associado a estas práticas.

Por que maus tratos?

Muitas vezes as tartarugas que emalham em rede de pesca desmaiam e, apesar de acharmos que estão mortas, elas não estão. O procedimento simples de deixá-las descansar e auxiliá-las a expelir a água seria suficiente para salvá-las. No entanto, se as pessoas acharem que o animal está morto, a mutilação poderia ter ocorrido com o animal ainda vivo.

Por que crime?

Fazer uso de recursos/partes (carne e carapaça) de espécies ameaçadas de extinção, mesmo de indivíduos mortos, infringe leis federais de proteção à fauna. A caça e consumo de ovos, carne e produtos derivados foi o principal impacto sobre as populações de tartarugas marinhas durante muitos anos culminando no declínio drástico das populações mundiais. Para algumas espécies, o comércio de produtos derivados da carapaça ainda é a principal ameaça às populações. No Brasil, a lei de crimes ambientais número 9.605 proíbe a captura, morte, coleta de ovos e molestamento de fauna silvestre. São previstas multas e pena de prisão para quem infringir a lei. No caso das tartarugas seria cabível uma multa de R$ 5.000 por animal/carapaça coletada.

Esta situação é grave, pois o impacto devido à mortalidade e exploração de partes das tartarugas marinhas por atividades humanas, assim como a degradação do habitat destes animais, são responsáveis pela inserção das tartarugas marinhas em diversas listas estaduais, nacionais e internacionais de fauna ameaçada de extinção.

Para assegurarmos a conservação das tartarugas marinhas, precisamos proteger os animais e garantir a efetividade de nossas leis!

Faça a sua parte! Não retire da natureza nenhum exemplar ou parte de alguma espécie ameaçada! Ainda, lembre que ao retirar a carapaça das tartarugas marinhas, está impedindo que nossa equipe técnica tenha acesso as informações de causa de morte do animal e outros impactos que afetam o animal e a nossa avaliação da qualidade do ambiente marinho.

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.

O PMP-BS é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Laboratório de Ecologia e Conservação/UFPR monitora o Trecho 6, compreendido entre os municípios de Guaratuba e Guaraqueçaba.

Caso encontre algum animal marinho vivo debilitado ou morto na orla das praias que vão de Ubatuba - SP até Laguna - SC lique para o 0800 642 3341